quarta-feira, 26 de outubro de 2005

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eu não escrevo pra mim

escrevo pra você que lê

e não vai deixar recado

escrevo pra você que chegou por acaso

e vai embora sem se despedir

escrevo também para os poucos que registram

escrevo pelo exercício da palavra

pelo pulsar do sentimento

pelo fazer adiar os porques do que não tenho

pela falta de sono

e pelo medo de não saber mais como...

sexta-feira, 7 de outubro de 2005

heartache

Eu não sei cantar. Não tenho milhares de fãs no orkut. Não sei versar sobre os filósofos. Não sou linda. Não sou excêntrica. Não sei dar espaços. Não sei fazer nada de especial. Não sei fazer as coisas virarem ouro. Não sou a mocinha, sou a vilã. Eu levo as coisas mais a sério do que gostaria. Eu tenho medo. Não tenho dinheiro. Não tenho pretensão de participar de um reality show. Não serei cineasta. Não ensino criancinhas carentes. Não tenho paciência. Não sei fingir. Choro com mais freqüência que gostaria. Não amo direito. Não sou tudo na vida de uma pessoa. Fui abandonada inúmeras vezes. Magoada outras tantas. Enganada quase sempre. Eu não acredito no ser humano. Eu não sei falar uma segunda língua. Nunca saí do país. Não tenho histórias mirabolantes pra contar. Não sei tratar mal quem eu amo. A minha mãe não é maravilhosa. Não tenho um sotaque irresistível. Eu tenho mágoa. Não sou fina. Não escrevo lindamente. Eu durmo demais. Falo demais. Sinto demais. Penso de menos. Sou sensível. As vezes não sei se ainda acredito. Eu tenho vergonha. Não sou descolada. Não sei fazer streap-tease. Não tenho uma enorme confraria de amigos. Não sou criança. Sou doçólatra. Sou desconfiada. Pareço metida. Às vezes dirijo como o Sr. Volante. Muitas vezes acho motoristas pessoas estressadas. O meu carro não tem buzina. Neste exato momento a minha orelha direita está muito quente. Não sei onde você está agora. Falo sem pensar. Nunca fui sonho de consumo de homem algum. Fui uma adolescente feia. Fui uma criança gorducha. Não estou satisfeita com meu corpo. Faça o que eu digo não faça o que eu faço. E por favor, não me leve a sério, me leve pra casa.

quinta-feira, 6 de outubro de 2005

pare, olhe, escute

Talvez seja ridículo ter traumas, mas eu tenho.

Detesto as pessoas que amo longe de mim, pq tenho medo que elas nunca mais voltem. Talvez isso seja responsável pelo meu choro quando vejo uma despedida e quando me despeço.

Tantas pessoas foram e nunca mais voltaram que hoje isso me deixa doente, doente de verdade.

Elas foram mesmo tendo me prometido, me jurado, olhado nos meus olhos...

Talvez o meu choro fosse ainda maior hoje se eu tivesse lido as notícias da semana.

Eu sei, estou escrevendo frases soltas, mas talvez pq seja assim que esteja me sentindo, pausada. Tudo parado no ar, mas em movimento. Assim como quando acontece uma ventania e as folhas sobem, as saias sobem, alguns pingos de chuva já estão caindo, mas de repente tudo para como se alguém tivesse apertado pause no controle... e vc fica ali, aerado, sem saber bem o que pode acontecer... Mas tudo aquilo está em movimento, mesmo estando parado, pq eu estou em movimento.

Hoje eu olhei pra um bilhete de ônibus pregado num quadro de cortiça e me lembrei de umas palavras lidas com uma dedicatória no final e ouvi um som que diziar sim pro que eu gostaria que fosse não e então eu tive medo e tentei ser o mais natural possível mesmo sabendo que eu fui naturalmente discreta como um elefante e eu me senti mal por não acreditar que alguém pode algum dia não ir embora, mesmo eu duvidando disso!