sexta-feira, 24 de junho de 2005

| miúda |

Depois que a gente cresce nada mais a gente ganha, nada mais é de graça. Os favores, os agrados, os presentes, os afagos... Ou seja, o tanto de presentes é inversamente proporcional à tua idade, ou seria ao teu tamanho? Talvez seja por isso que não cheguei ao 1,60m, talvez seja por isso que eu continue sendo a meninapreta, a pequenadosolhosgrandes... Talvez seja porque sou a caçula daquele bando de marmanjos superprotetores. Ou talvez eu seja assim porque encontrei muita gente boa que soube e quis pegar na minha mão e me ajudar a dar passos maiores que minhas pernas curtinhas. Eles são meu presente, todo dia.

quarta-feira, 15 de junho de 2005

| sob o sol de um Curupira |

Aí ela resolve depois de um longo e tenebroso inverno (aproximadamente dois meses) sem grana para consertar a impressora que estava fazendo falta, levar a bendita...

Ela: " Moça, ela não imprime de jeito nenhum. O computador manda a informação e quando ela vai começar, trava, como se estivesse sem papel."
A moça da loja: ' hmmm (futuca um pouco)... tem uma pecinha solta aqui dentro, talvez seja isso. (e entrega uma peça estranha arredondada para a dona da máquina). Mas de qualquer maneira vou fazer os testes e te dou um retorno, qual é o teu telefone? (...)'

Ela chega em casa e mostra para a mãe aquele objeto não identificado e explica o acontecido...
Triiimmm, triiimmmm....
Ela: "alô"...
A moça da loja: 'senhorita, estamos ligando para dizer que tua impressora funciona perfeitamente e que o máximo que faremos se a srta. quiser, será dar uma limpeza de manutenção blablablá...'

Ah, então as suspeitas da avó da baixinha estavam certas, a moça da loja havia tirado de dentro das profundezas de uma velha e calejada HP o nariz sumido do urso de pelúcia do irmão que sequer mora mais em casa, mas cuja filha gosta de brincar de garagem com o buraco da tal máquina de imprimir os trabalhos da titia.
Ela só não imaginava que nariz de bicho de pelúcia era algo "estacionável".

segunda-feira, 13 de junho de 2005

| nosso |

Um friozinho gostoso encarado para o encontro com toalhas de banho: um encontro árduo, já que elas insistiam em se esconder o mais perto possível. Eu não liguei e continuei procurando: apesar de não ter amor no coração, tenho esperança e foi ela que trouxe as benditas fujonas. O mantra para Ganesha entoado mentalmente que acabou abrindo a porta, mesmo que a do andar de cima. Preguiça de ter coragem pra tirar a roupa e entrar na ducha forte e fervendo, mas só até quase ver o fundo da garrafa de vinho. Nenhuma vontade de emergir da banheira cheia de água quentona e sem poluição que limpa a pele e deixa o cabelo macio além do teor alcoólico no sangue muito maior. Superalimentação corporal e energética. Bis, Calvino, vinho, cobertor, meia, cosquinhas, gargalhadas, presentes, amizade, scrabble, companheirismo, preguiça, disposição, dois. Dormir e acordar e continuar sonhando. Papos-cabeça, papos-suvaco, papos de todas as naturezas, torcida para o Rubinho, medir a temperatura e esquecer. Não olhar o relógio. Brincar de casinha e querer continuar brincando e pensar em como vai ser daqui a muito tempo. Fazer perguntas sem medo de ouvir a resposta e se a resposta não for a esperada, confiar e agradecer pela honestidade. Acordar e continuar na cama. As curvas que praticamente não me enjoaram. Brindes, fazer uma amiga feliz e ficar feliz, telefonema de “deixaela”, o brilho no teu olho, o brilho no meu olho. Tudo isso e ainda faltou falar de tantas coisas, faltaram tantas palavras, mesmo que nem todas elas fossem explicar absolutamente nada (este texto nem está claro para mais ninguém além de nós). Mas com ou sem palavras, todas essas palavras, ainda assim é incrivelmente encantador estar lado a lado, estar ao seu lado.
A impermanência me causa medo sim, mas é por ela e por nós que vou continuar buscando fazer dos dias sempre os melhores dias.

sexta-feira, 10 de junho de 2005

| tome fôlego |

seismeses+diadosnamorados+resfriado+irprofrio+vinho+batidinhadecajádoceará
+matarauladosábado+meupretosuvacoamoradoscrocantemaismelhordibão
desseuniversointeirinhogarúchatobarbosaecastroemuitomau
+euchatapuccatoadpickachucabeçagondorminhocasilvatellesemuitodê
+almoçofora+expectativa+muitospresentes+cobertor+cafédamanhãempadaria
+música+joguinhos+caloriascaloriascalorias=meufinaldesemana

terça-feira, 7 de junho de 2005

| versus |

Ela algum dia apareceria se eu não tivesse morrido?
Ela buscaria conhecimentos se eu não tivesse ficado louca?
Ela seria uma pessoa melhor se eu não tivesse perdido a vontade de viver?
Ela se descobriria cada dia mais se eu não tivesse deixado de comer?
Ela terá sonhos felizes se eu não tiver pesadelos?
Ela acreditará no amor se eu não me decepcionar?
Ela estará satisfeita se eu não me frustrar?
Ela manterá contato com as amigas se eu não apanhar?
Ela teria algum sucesso se eu não me boicotasse?
Ela respiraria se não me faltasse o ar?
Ela respirará se eu não sufocar?
Ela seria diferente se eu não derramasse lágrimas de medo da mudança?
Ela saberia perder se eu tivesse ganhado?
Ela sorriria se eu não desconfiasse de todos?
Ela respeitaria se eu não tivesse sido humilhada?
Ela suspeita que minha morte é responsável por seus melhores dias?
Ela imagina que uma louca pode ter plantado as flores do seu jardim?
Ela se alimenta do que eu nunca ingeri?
Ela algum dia apareceria se eu não tivesse morrido?
E finalmente...
Ela e eu algum dia chegaremos a nos encontrar pacificamente?

sexta-feira, 3 de junho de 2005

| sobre meninas e elefantas |


E então algumas fichas caindo e eu nem estou perdendo o jogo, estou ganhando [isso pode apenas depender do referencial de quem vê].
Conjecturas sobre a direção oposta em que trabalham Zen e Caos. Sim, eles se utilizam de vetores que vão em sentidos contrários, mas acabam incrivelmente levando ao mesmo lugar: a iluminação.
E a caminhada vai acontecendo mesmo que tão lenta que não percebamos ou mesmo que tão rápida que dê a impressão de andar para trás, como as rodas dos carros, sabe?
E tudo vai indo diferentemente bem, vou deixando para trás aqueles estereótipos que eu jurava que não tinha, revendo conceitos, fazendo de outro jeito sem nem mesmo perceber: o cabelo já não é mais nem um pouco estático, as escolhas sentimentais cada vez mais saudáveis, a lucidez vai e volta de acordo com os cisos que teimam em aparecer e aí eu deito na minha cama com o quarto completamente escuro por causa do novo blackout e me lembro que tenho medo de escuro, ou tinha? Não deu tempo de descobrir, dormi.
O caos só não foi muito amigo na hora de me fazer acreditar que quando o celular tocou ainda estava de noite...