sexta-feira, 7 de outubro de 2005

heartache

Eu não sei cantar. Não tenho milhares de fãs no orkut. Não sei versar sobre os filósofos. Não sou linda. Não sou excêntrica. Não sei dar espaços. Não sei fazer nada de especial. Não sei fazer as coisas virarem ouro. Não sou a mocinha, sou a vilã. Eu levo as coisas mais a sério do que gostaria. Eu tenho medo. Não tenho dinheiro. Não tenho pretensão de participar de um reality show. Não serei cineasta. Não ensino criancinhas carentes. Não tenho paciência. Não sei fingir. Choro com mais freqüência que gostaria. Não amo direito. Não sou tudo na vida de uma pessoa. Fui abandonada inúmeras vezes. Magoada outras tantas. Enganada quase sempre. Eu não acredito no ser humano. Eu não sei falar uma segunda língua. Nunca saí do país. Não tenho histórias mirabolantes pra contar. Não sei tratar mal quem eu amo. A minha mãe não é maravilhosa. Não tenho um sotaque irresistível. Eu tenho mágoa. Não sou fina. Não escrevo lindamente. Eu durmo demais. Falo demais. Sinto demais. Penso de menos. Sou sensível. As vezes não sei se ainda acredito. Eu tenho vergonha. Não sou descolada. Não sei fazer streap-tease. Não tenho uma enorme confraria de amigos. Não sou criança. Sou doçólatra. Sou desconfiada. Pareço metida. Às vezes dirijo como o Sr. Volante. Muitas vezes acho motoristas pessoas estressadas. O meu carro não tem buzina. Neste exato momento a minha orelha direita está muito quente. Não sei onde você está agora. Falo sem pensar. Nunca fui sonho de consumo de homem algum. Fui uma adolescente feia. Fui uma criança gorducha. Não estou satisfeita com meu corpo. Faça o que eu digo não faça o que eu faço. E por favor, não me leve a sério, me leve pra casa.