Quando eu era criança a minha avó me fez uma saia sem suspensório e sem elástico e a bendita não caiu. Criança não tem cintura, mas eu tinha e a minha avó e minha mãe estufam o peito pra contar que elas sempre souberam que eu ia virar um violão, já que a minha tia por parte de pai dizia que eu ia ficar gorda, afinal eu era uma daquelas crianças roliçudíssimas com covinhas nas bochechas, nos cotovelos e nos joelhos e tinha dobras, muitas dobras pelo corpo: uma balofinha. Mas uma balofinha fashion, sempre com um sapato de cor diferente, uma fita no cabelo, pulseiras ou algo que dizia “essa daí tem mãe caprichosa”. E ela era mesmo... tanto que não deixava de colocar laços no meu cabelo nem quando eu era uma recém nascida bolinha careca, colava os tais com sabonete, um luxo ter lacinhos na cabeça mesmo sem ter cabelos, não acham? Mas minha infância não foi só glamour, sou temporão de três irmãos homens, portanto não gostava de vestir camisa, meu traje predileto pra andar de bicicleta, brincar de pique, queimada e inúmeras outras brincadeiras de rua era saia e colar; isso mesmo: uma saia e um colar no pescoço, nada de chinelos ou camisetas, pra que se meus irmãos não usavam? Ainda assim era um traje super feminino...
Este mês acrescento uma primavera às algumas que já carrego comigo. Inferno astral é pra isso neh? Retrospectiva e projeto de futuro. A hora das lembraças é sempre divertida, principalmente se tiver minha avó e seus milhões de decibéis pra delatar os acontecimentos...
Do futuro eu falo outra hora, afinal ainda tenho muitos dias até o fatídico dia 28.