Um friozinho gostoso encarado para o encontro com toalhas de banho: um encontro árduo, já que elas insistiam em se esconder o mais perto possível. Eu não liguei e continuei procurando: apesar de não ter amor no coração, tenho esperança e foi ela que trouxe as benditas fujonas. O mantra para Ganesha entoado mentalmente que acabou abrindo a porta, mesmo que a do andar de cima. Preguiça de ter coragem pra tirar a roupa e entrar na ducha forte e fervendo, mas só até quase ver o fundo da garrafa de vinho. Nenhuma vontade de emergir da banheira cheia de água quentona e sem poluição que limpa a pele e deixa o cabelo macio além do teor alcoólico no sangue muito maior. Superalimentação corporal e energética. Bis, Calvino, vinho, cobertor, meia, cosquinhas, gargalhadas, presentes, amizade, scrabble, companheirismo, preguiça, disposição, dois. Dormir e acordar e continuar sonhando. Papos-cabeça, papos-suvaco, papos de todas as naturezas, torcida para o Rubinho, medir a temperatura e esquecer. Não olhar o relógio. Brincar de casinha e querer continuar brincando e pensar em como vai ser daqui a muito tempo. Fazer perguntas sem medo de ouvir a resposta e se a resposta não for a esperada, confiar e agradecer pela honestidade. Acordar e continuar na cama. As curvas que praticamente não me enjoaram. Brindes, fazer uma amiga feliz e ficar feliz, telefonema de “deixaela”, o brilho no teu olho, o brilho no meu olho. Tudo isso e ainda faltou falar de tantas coisas, faltaram tantas palavras, mesmo que nem todas elas fossem explicar absolutamente nada (este texto nem está claro para mais ninguém além de nós). Mas com ou sem palavras, todas essas palavras, ainda assim é incrivelmente encantador estar lado a lado, estar ao seu lado.
A impermanência me causa medo sim, mas é por ela e por nós que vou continuar buscando fazer dos dias sempre os melhores dias.